quarta-feira, 30 de julho de 2014

Falta-nos sensibilidade bastante!

O capítulo de hoje foi um primor. Acostumei-me à fábula das seis, Meu Pedacinho de Chão. É de encher os olhos e a alma esse remake da novela de mesmo título, com 185 capítulos e nove meses de exibição, indo ao ar em agosto de 1971. Santa Fé abriga os protagonistas Serelepe e Pituca que vivem um mundo fabuloso em meio a outros belos personagens que enriquecem a trama colorida, criativa, leve e agradável aos olhos de um público sedento de qualidade, principalmente em um horário onde, ainda, se pode juntar a família ao redor de um aparelho de TV, mesmo com a concorrência de outras mídias atrativas. Naquele vilarejo nenhuma querela se estende por tanto tempo e são resolvidas com diálogo. As mulheres usam do bom-senso para dirimir e apaziguar todos os desencontros comunitários. Imagino até – isso é só palpite − que aquela pendenga política se resolverá de modo harmônico, em benefício da cidadania. O diálogo, portanto, é ponto precípuo nas relações humanas.

Benedito Rui Barbosa, seu autor, inaugurava no início da década de 70 o horário das seis, numa proposta educativa e a trama, talvez por isso, era também exibida na TV Cultura de São Paulo, Fundação Padre Anchieta. A verdade é que Meu Pedacinho de Chão, a exemplo do que ocorreu com Cordel Encantado, deixará um vazio naquele horário televisivo brasileiro. Imagino que o remake, assim tão breve, tenha a ver com a tão propalada e perseguida audiência, cuja meta histórica reside em 25 pontos percentuais do Ibope, nunca regida pelo bom gosto ou qualidade do produto oferecido.   

Ao contrário do que muitos pensam o telespectador brasileiro ainda não está afeito a um trabalho artístico do nível de Meu Pedacinho de Chão. Falta-nos sensibilidade bastante para apreciar algo tão belo com maquiagens, figurinos, cenários, planos e fotografia inovadores.

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