domingo, 25 de janeiro de 2015

Esquecido

“Sei que aí dentro ainda mora um pedacinho de mim. Um grande amor não se acaba assim, feito espumas ao vento. Não é coisa de momento, raiva passageira, mania que dá e passa feito brincadeira: O amor deixa marcas que não dá pra apagar. Sei que errei e estou aqui pra te pedir perdão, cabeça doida, coração na mão, desejo pegando fogo. Sem saber direito aonde ir e o que fazer, eu não encontro uma palavra só pra te dizer. Mas se eu fosse você, amor, eu voltava pra mim de novo. E de uma coisa fique certa, amor, a porta vai estar sempre aberta, amor. O meu olhar vai dá uma festa, amor, na hora que você voltar”. 
Minhas sestas, aos sábados e domingos, se dão aqui em uma das velhas redes. Nesse cochilo me acompanham grandes autores, seja em qualquer forma literária ou na música, uma boa música. Hoje, por exemplo, fui balançado pela nata da música popular brasileira. Iniciei meu embalo com a prodigalidade nordestina de Paulo Diniz, passando por João Gilberto e de outro Gilberto, o Gil. Aí vieram Caetano, Belchior, Betânia, as Flávias Wenceslau e Bitencourt. As letras, linhas melódicas e interpretações me fazem flutuar nesse balanço enredado. Uma reflexão me ocorre outra vez mais dentre milhares. É sobre os compositores, muitas vezes inéditos ou sem o devido reconhecimento. Caso emblemático de Accioly Neto, a quem chamava Papagaio, autor de “Espuma ao vento”, tornada célebre na voz de Raimundo Fagner. 
Essa dívida com os autores de música brasileira é imoral, não há uma política de obrigatoriedade – e haja tempo –, fazendo com que as diversas mídias publiquem a obra com o crédito da autoria, diminuindo um débito histórico com quem realmente cria, letras, melodias e sonhos. Não que os intérpretes não devam ser exaltados, ao contrário do que muitos pensam, mas que se faça justiça aos artistas criadores, a exemplo de Accioly Neto que, em um jantar na residência de Mael Malazarte, um amigo em comum, desabafara seu desencantamento com essa triste realidade. Accioly, hoje, jaz esquecido!

Nenhum comentário :

Postar um comentário