O texto acima não trata de ficção, está na centésima página do
célebre MEMÓRIA E
SOCIEDADE - lembranças de velhos, da socióloga Ecléa Bosi, leitura que
recomendo. É o depoimento de quem viveu, ainda jovem, a São Paulo
dos anos vinte, no limiar do século passado. Donde podemos concluir que a seca
que assola a maior cidade do Brasil é, mais do que nunca, falta de gestão das
águas. Isso não é desleixo somente peculiar à capital paulista, mas reflexo de
um país que não se deu conta – e faz tempo, como se pode ver – que água é um bem
vital. Não se trata de líquido volátil, mas diante do crescimento populacional,
principalmente nas grandes metrópoles brasileiras, inviabiliza o modo de vida
irresponsável dos seus habitantes e governantes. Se por um lado falta gestão,
por outro falta o uso racional dessa preciosidade da natureza.
Fico a imaginar uma São Paulo cujo desenvolvimento, nas
últimas seis décadas, fosse acompanhado pelo cuidado com a gestão da água. A construção
de represas; incentivo à construção de cisternas proporcionais às habitações
verticais e horizontais, comerciais ou residenciais; educação para o uso e
reuso além do zelo com os mananciais (nascentes, rios e afluentes), teríamos água
sem que precisássemos da água de esgotos tratada com o mínimo de potabilidade.
Aí faríamos festa quando – e se – o Tietê transbordasse.
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