sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

“Gosto dessa promiscuidade...”

Ao contrário do que muitos pensam, muitos pensam ao contrário. Daí passo logo a explicar o título para dirimir possíveis dúvidas e não cair em dívida. Encontro-me com Silvia Araújo, aquela minha amiga de primeira hora, linda em casca e essência. Dou-lhe, então, o meu abraço de “meia hora” como de costume, com a cumplicidade de Evaldo Brasil que a convida para o primeiro Sarau 2015. Silvia anuncia sua participação com uma leitura do português José Saramago de quem fala com brilho nos olhos. Olho pra ela com olhar meio reprovador e a lembro da paixão desenfreada por Eduardo Galeano, segundo me confidenciara à bem pouco tempo. Silvia se defende e se sai com uma pérola, ao meu ouvido: “Estou chifrando Galeano com Saramago. Gosto dessa promiscuidade literária”.
Atire a primeira pedra aquele que nunca cometeu o mesmo “pecado”. Eu, por mim, não atiraria. De férias das leituras filosóficas reservo-me o direito a essas promiscuidades. Além de visita a blogs, poucos deles, releio em minha rede NUVENS VERMELHAS do amigo Roberto Numeriano, escrito em memória de Luís Carlos Prestes e Gregório Bezerra, leitura densa de 612 páginas. Trama de rasgos épicos retratando o Amor e a Revolução, leitura que recomendo e cujo affair é interrompido: 501 Grandes Escritores, chegado por empréstimo pelas mãos de Simone, uma “ensandecida” companheira de trabalho. Como anuncia o subtítulo da obra é “um guia abrangente sobre os gigantes da literatura”.
Quando me foi apresentada aquela “maçaroca de papel” chama a atenção pela capa: uma foto de Fernando Pessoa lhe serve como ilustração. Nada mais convidativo a uma leitura que o Pessoa com sua verve de poeta/escritor e as alcunhas de sua prodigalidade. Assim não há porque Silvia se preocupar nem sussurrar aos ouvidos aquela sua promiscuidade literária. Livre está de que alguém lhe atire pedra. Viva a literatura: a promiscuidade literária está no ar!

2 comentários :

  1. Eu quero viver, adaptando Raulzito, essa promiscuidade ambulante, eu preciso ler aquilo tudo o não lido antes, do que ter aquela louca atenção focada na TV, do que ter aquele louca atenção focada na TV...

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  2. O meu grande amor literário é e sempre será o Sr. José Saramago. O problema é que eu vivo uma paixão arrasadora por Eduardo Galeano, desde que ele me envolveu em seu "Livro dos Abraços". Logo depois , o tal uruguaio lançou-me um feitiço tão poderoso que eu, que odeio futebol e trocaria facilmente uma final Brasil x Argentina decidida nos pênaltis por uma boa conversa, li com voracidade o seu "Futebol ao Sol e à Sombra. O outro problema é que o meu coração literário é libertino. Como se não bastasse este adultério confessado, apareceu-me um tal de Júlio Verne, que me arrastou pelos cabelos ( como se eu resistisse,rsrsrs) por uma " Viagem ao Centro da Terra". Ah, meu amigo! Como resistir aos encantos destes rapazes? Quem estiver sem pecado, que rasgue o primeiro livro!

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