Aqui temos Zé Limeira, “O Poeta do Absurdo”, cujos versos
pra lá de extravagantes, hilários e cômicos estão na obra do saudoso paraibano
Orlando Tejo. Vê-se logo que o poeta não tinha compromisso com a temporalidade
e, ao contrário do que muitos pensam, nunca sofreu consequências drásticas por
versar sobre Jesus Cristo, o maior símbolo espiritual do catolicismo, mundo
afora. Eu, como admirador de sua obra e sua história, tive oportunidade de declamar
esses mesmos versos para uma plateia formada por fiéis, padres e bispos,
arrancando risos de todos sem exceção. É que nós somos tolerantes e não vemos
aí nenhuma chacota ao cristianismo nem a figura do Cristo.
Não é o caso, por exemplo, do episódio das charges do jornal francês Charlie Hebdo que tratou com escárnio o profeta Maomé, segundo a visão do
islamismo. Comungo com a opinião daqueles que veem falta de respeito (no mínimo
provocação) às diferenças e, em se tratando de religião, a coisa toma contornos
ainda mais sérios. A liberdade de imprensa - da qual não abro mão - não dá
margem ao ultraje retratado nas charges polêmicas de 2005 e de agora. Emocionei-me
com os franceses saindo às ruas, lotando praças em protesto à intolerância, mas
não concebo a ideia de saírem aos milhões em busca de um exemplar que reproduz a
provocação e a ira dos sanguinários fundamentalistas. Há um equívoco histórico de
um lado, uma matança infame do outro. Até onde vão essas atrocidades? Liberdade, Igualdade e Fraternidade: Será que junto aos jornalistas mortos
também enterramos os ideais da Revolução Francesa?!
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