Convidados pelo Sebrae (Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) trabalhamos ano e meio na “Conscientização
Turística”, um dos frutos do Pacto de Cooperação da Zona da Mata, levando uma
série de atividades a 21 municípios daquela região. Junto aos técnicos do
Sebrae estavam Jerimum e Xique-xique com a irreverência humorística e o cordel
na tentativa de atrair a atenção de gestores e comunidades para uma melhor
formação no atendimento ao turista que busca as belezas naturais do litoral
nordestino.
Então chegava a hora e vez de visitarmos
Mataraca, um ponto de turismo regional, município situado na microregião do Litoral Norte paraibano, na divisa com o estado do Rio Grande do
Norte. O nome tem origem no tupi-guarani. Matará é uma espécie de ave; aca
significa bico, ponta. Belas paisagens compõem suas praias tropicais de águas
límpidas. Mas nós precisávamos chegar até o hotel onde reservas já haviam em
nosso nome. Naquele utilitário íamos eu, Emerson Tomaz e Carlos Santos, seu
proprietário e cinegrafista também contratado pelo Sebrae.
Eu, deitado em meio a colchonetes que
protegiam equipamentos de filmagens e outras tralhas, já começava a me
inquietar com a demora da viagem. Pelas informações e o tempo decorrido já
deveríamos estar na sede do município, quiçá no hotel à beira-mar, em Barra de Camaratuba. Resolvi indagar
dos colegas sobre aquele percurso e ouvi, surpreso, que estávamos perdidos, já
cegando no Rio Grande do Norte. Sugeri que voltássemos ou que procurássemos informação.
Ah! É importante revelar que já passavam das 22 horas, num lugar a esmo, onde
não se via sequer luz de pirilampo. Um escuro que dava medo. Foi então que
apareceu um ponto de luz, aumentamos a velocidade e percebemos se tratar de uma
motocicleta conduzindo duas pessoas. Falei mais alto para abafar o ruído do
motor:
- Pergunta, aí, se Mataraca já ficou pra
traz?
Emparelhamos o automóvel à motocicleta e
Emerson, da porta do carona, desce o vidro e, ao pé da letra, pergunta em voz
pra lá de alta:
- Mata...
Ao contrário
do que muitos pensam, não houve tempo de completar a frase. Aquela luzinha foi
sumindo à nossa frente se assemelhando a algo extraterrestre. Sumiu,
escafedeu-se!
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