Silvestre Batista ficou com uma “pulga na orelha” com a história que
dona Judi de Lourdes, sua esposa, lhe contara sobre o barulho no galinheiro
suscitando um ladrão de galinhas. Pelo sim, pelo talvez, o dono da casa resolveu
investigar até flagrar o elemento em seu malfeito. Passou, então, a dar
incertas no quintal certo de que conseguiria desvendar o mistério levantado pela "patroa". Não demora muito e ele dá de cara com o desocupado dentro do seu muro.
Invasão de propriedade é crime, segundo Art. 5º inciso XI da Constituição Federal.
A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
Os perus de Silvestre |
Silvestre nem imaginava o que veria, naquela tarde ensolarada. Como de
costume abriu o portão, com muito cuidado para não provocar nenhum ruído. Com
passos lentos, sorrateiro estava ali, diante do dito cujo. Narrava Silvestre
que o indivíduo, portando um saquinho de milho, se aproximava de uma perua que se
encontrava à engorda para o Natal. O cabra não era assim tão “desasnado”,
contava Silvestre, com seu sorriso longo, ao lembrar do caso. Ele jogava uns grãozinhos
de milho e esperava a perua bicá-los. Quando a perua bicava, ele se aproximava
tentando pegá-la. Ela, então, dava um salto solto para trás e, impaciente, ele
jogava mais grãos. Essa peleja levou alguns minutos até que se deu a
interferência do dono da casa.
A tentativa de roubo acabou ali. Ao ouvir um conselho de Silvestre
Batista o sujeito disparou em direção ao muro da Maternidade São Francisco de
Assis, tentando se agarrar a uma fileira de tijolos que se desprendeu e caiu
junto com ele. Rápido se recompôs e, noutra tentativa, saltou para o quintal
vizinho e desapareceu. O episódio me foi contado pelo próprio Silvestre e, ao
lhe perguntar o que dissera ao malandro frustrado, me respondeu que só o advertira
para que se preparasse melhor:
- Você vai ter que treinar muito pra roubar essa perua, seu cabra!
Nenhum comentário :
Postar um comentário