O assunto ora abordado já virou cordel em braile, numa série de doze,
publicados pelo Vate Marco Di Aurélio. Contada em verso a história toma
contornos humorísticos enriquecidos pelas rimas tão bem exploradas por aquele poeta
“pernaibano”. A história veio à tona a partir de uma provocação minha em almoço
oferecido a Marco e sua consorte Roseli, mulher de traços leves e fino trato.
Também quisera, aturar as aventuras cordelísticas-cinematográficas-ambulantistas
de um Di Aurélio, tinha que ser aparentada de Jó: Roseli é toda paciência,
assim como fora também dona Judi, minha sogra.
No casarão de Silvestre – já faz tempo – quando nada acontece é porque
algo está acontecendo! Dona Judi perdera a paciência resolvendo contar a
Silvestre o que já não era mais cisma. Havia sondado, checado alguém mexendo no
galinheiro. Por que não contar? Abriu o jogo detalhando tim-tim por tim-tim o
reboliço no quintal:
- Silvestre, tais ouvindo?
- Ouvindo o quê, Judi?
- Um barulho muito estranho, lá fora.
- Estranho pra você, não estou ouvindo nada.
- Tá estranho sim. Eu ouço daqui.
- Bom! Se tem barulho e você sabe o que é, pode dizer.
- Mas se eu disser, você fica calmo?
- Depende do que você me disser né!
- É que vem lá do galinheiro, Silvestre.
Silvestre, matreiramente, apressa dona Judi a dizer o que sabe ou
desconfia.
- Judi, diga logo o que quer dizer.
- Tem um ladrão lá no quintal. Pronto!
- Tem um ladrão? Então deixe que dou um jeito!
Tomou posse de um facão que guardava bem ali na cozinha, começou a
passar seus gumes, lentamente, numa pedra de amolar. Ele estava usando de suas
tiradas humoradas, sem que Judi se desse conta.
- Pra que esse facão, Silvestre?
- Você não disse que tinha um ladrão no quintal?
- Disse! Mas pra quê o facão tão amolado?
- O facão? É pra nada não. Vou só arrancar a cabeça de quem estiver por lá.
Dona Judi, com aquela inocência tão peculiar, correu ao portão e
bradou, respeitosamente:
- Meu senhor, corra! Silvestre tem um facão e vai
lhe cortar a cabeça!
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