Mais uma cortesia me chega às mãos pouco tempo depois daquele
pânico no Cine Moderno, agora noutra avant première, no Cine AIP,
pertencente à Associação da Imprensa de Pernambuco. Inferno na Torre seria o
filme a ser exibido e, avaliando o episódio anterior com o filme Terremoto,
criei coragem e fui assistir àquela película também badalada nas rodas de
amigos. É preciso que eu descreva o cenário para melhor entendimento do leitor.
O Cine AIP, conforme ilustração, situa-se no décimo primeiro andar do Edifício
Igarassu, uma das primeiras edificações verticais do Recife.
Ocorre que o
episódio do Moderno era passado e, como diz o ditado, “o passado não move moinho”.
Fui, tomei o elevador, cheguei ao Cine AIP, sentei-me no salão à espera de
alguém conhecido para me servir de companhia. Aquilo não era medo, mas uma
espécie de segurança. Talvez me sentisse seguro caso houvesse outro surto
medonho. “Quem espera sempre alcança” é outro adágio popular que, dessa vez,
não se cumpriu. Resolvi ir sozinho à sala de projeção, afinal. Com o Canal 100
prestes a encerrar, acomodei-me numa poltrona do corredor, bem próxima à saída.
Mas não por medo, uma certa precaução, apenas. Inferno na Torre, vale aqui o
registro, é a história do mais alto prédio do mundo
que, na noite de inauguração, arde em chamas, aprisionando os convidados nos
andares mais altos, dando início a uma sequência de atos heróicos e terríveis
perdas humanas com seus convidados pegos de surpresa em meio à estrutura
metálica, transformada em um verdadeiro inferno.
Eu, de onde estava, assistindo
aquele prédio colossal em chamas, não tive tempo de raciocinar sobre o que era real
e o que era ficção. Fui saindo à francesa, me segurando em corrimões, me encostado às paredes até chegar ao elevador. Senti-me aliviado, ainda mais, quando ouvi
o ranger de porta abrindo e o aviso do conhecido ascensorista: Térreo, Almeida! Abri os olhos e sorri pisando em terra firme.
Nenhum comentário :
Postar um comentário