quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Tempos de criança

Acabo de ler “O mundo e suas voltas” da colega Ana Débora Mascarenhas, que hoje nos traz uma reflexão intitulada Futebol. Ana traça um rápido perfil da mais nova diversão do Mateus, seu filho adolescente, com o futebol jogado pelas ruas ou quintais. Hoje muito requintado, com acompanhamento profissional e a presença dos pais na torcida pelas proezas dos filhotes. Antigamente não haviam esses aparatos mais chegados a academias de futebol, vivíamos tempos onde este conceito era inimaginável.
Viajo em minha rede em busca da memória futebolística juvenil lá pela década de 60, onde as ruas não asfaltas nem assaltadas nos serviam às brincadeiras variadas e, neste contexto, o futebol se dava à solta. Frequentei alguns quintais chutando bolas de meia, dividindo espaço com galinhas, patos e perus. Na casa de seu Gilberto e dona Bilzinha, nos arrabaldes de Recife, havia um desses quintais e era o de nossa preferência. Ali já havia, além do espaço físico, a aquiescência dos donos da casa. Driblávamos aqueles animais e suas gamelas, fugíamos do encalce de Dick e buck, dois cachorros perdigueiros com suas presas afiadas a nos roubar as bolas de plástico ou borracha até furar algumas delas. Mas isso também fazia parte da nossa diversão, mesmo com a dificuldade de adquiri-las.
Ao contrário do que muitos pensam, criança é criança ontem, hoje e sempre com o mesmo espírito pueril. O que muda, decerto, é a forma do jogo que se dá em campos entapetados de grama, uso de uniformes completos, acompanhamento profissional e a grata participação principalmente das mães, nunca concebida em tempos de outrora quando jogávamos de pés descalços. Pelo menos nada muito comum em nossos tempos de criança, onde minha mãe, por exemplo, só ia ao meu encontro para tirar-me do jogo com cuidado nos acidentes comuns a uma boa pelada juvenil. Para a criança de hoje tal qual a de ontem e de sempre há um jeito de ser feliz!

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