Eu, Arthur e Chapolin: Os três patetas! |
Então resolvi fazer um périplo pelos
cantos de toda a casa. Mostrei como funciona o sistema de abastecimento e reuso
da água. Para ele tudo era diversão, até essa coisa chata de encanamentos,
filtração e reaproveitamento. Faço questão que as crianças adentrem ao mundo do
consumo responsável. Elas são, sem dúvida, os melhores multiplicadores.
E Arthur estava ali, firme tentando me
agradar. Sabia ele que logo estaríamos no campo das brincadeiras. Logo
descobriu uma motocicleta - prestes a aposentar - e mandou ver. Saiu à moda
Fred Flintstone “pedalando” com os pés no chão. Correu, pulou, fez dodói num
dedo. Descobriu meu violão e sugeriu uma cantoria. Iniciei com “Meninos”,
composição de Juraildes Cruz e a riquíssima interpretação de Xangai.
Vi
que Arthur se deliciara com o que ouvira, eu muito mais com o que vira. Ao
final da canção, a surpresa: - Repete,
tio. Então cometi o pecado de todo adulto: - Você gostou mais de que parte? E ele responde sem rodeios: - Dos passarinhos. Aquele pedacinho de
gente me surpreendera com seu gosto. Arthur acabara de demonstrar uma
sensibilidade não muito comum nos dias de hoje, ainda mais em se tratando de
música. Ele fez referência a “Quero acordar com os passarinhos / Cantar uma canção com o sabiá”, um
belo trecho daquela composição. E por falar da boa música recebo, no
exato momento em que fechava o parágrafo acima, notícia das mais
auspiciosas. Outro sobrinho meu, Luis Carlos, foi
aprovado na OSR - Orquestra Sinfônica do Recife. Eu o levei pelas mãos
ao Conservatório de Música, ainda em sua adolescência. O pus na estrada das claves, do sol, do som e dos sonhos.
Na despedida de Arthur, à janela do ônibus, mais uma pérola: - Tio, cuide dos passarinhos!
Encerro feito pinto ciscando em mel, farelo e minhocas.
Na despedida de Arthur, à janela do ônibus, mais uma pérola: - Tio, cuide dos passarinhos!
Encerro feito pinto ciscando em mel, farelo e minhocas.