segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

“Frevi", dancei e pulei II

Não conheço muito da arte de receber. Domino, e muito bem, a arte de convidar. Na minha modesta concepção receber e convidar (não necessariamente nesta ordem) são coisas muitíssimo diferentes. Convido sem cerimônia e recebo do mesmo modo. Não sou dado a etiquetas, mesmo sabendo que há certo protocolo a ser cumprido no ato de receber, certa etiqueta é algo de que não se abre mão para encher a vista dos convidados. E não só encher a vista, mas fazê-los sentirem-se bem. Não me envergonho de dizer que “lá em casa prometo água e rapadura”, o que ocorrer fora disso é puro lucro. Ora, se só conto com água e rapadura, por quê o constrangimento em receber e partilhar o combinado ou prometido? E vamos combinar que oferecer água nos tempos de agora é coisa por demais convidativa e cara na mais extensa compreensão que o termo possa alcançar.
Isto seu deu ontem, com a casa cheia de gente. Gente da gente! Nem terminei de informar que se sentissem à vontade e já vi um par de alpercatas deslizando pelo chão da sala. “É dos meus”, disse em alto e bom tom. Ali fiz sala às visitas, assim consideradas até então, hoje não mais. Aí a coisa descamba para o coloquial e “professor” já vira “Valmir e Zé”. “Fábio” já é figurinha carimbada em meus anais de papo-furado. Não tenho nada a ver com o doutorado de seu ninguém. Cá “a gente somos nós”. Assim mesmo em muito bom português truncado para poder dizer o indizível. A casa é nossa e a prova disso é que Teresa Maria Grubisich, professora da AFA (Academia da Força Aérea) e ainda visita, vai pra cozinha, mete-se a lavar copos e pratos, arear a louça que servira ao preparo da feijoada. E feijoada completa do jeitinho que recomendara Chico Buarque. Todo aquele cenário foi caminho aberto à poesia e música nordestina pela verve de Jerimum e Vicente Simão, em dia festivo regado a encontros, risos, abraços e, agora, um tanto de uma insistente saudade.
E por falar em saudade: "Quem tem saudade não está sozinho, tem o carinho da recordação por isso quando estou mais isolado, estou bem acompanhado com você no coração. Um sorriso, um abraço e uma flor tudo é você na imaginação, serpentina ou confete, carnaval de amor, tudo é você no coração; você existe como um anjo de bondade e me acompanha nesse frevo de saudade..." https://ouvirmusica.com.br/nelson-ferreira/1095020/

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