quarta-feira, 11 de março de 2015

Carona no carvão

Não lembro o ano, o dia era trinta, dezembro era o mês. Eu largara da labuta no Jornal da Paraíba, cuja edição retardara, não lembro o motivo. Perdi o último ônibus com destino a Esperança. Desempenhava a função de diagramador, termo muito estranho para quem não está afeito principalmente às redações de jornais ou revistas. Para melhor entendimento recorri ao http://www.dicionarioinformal.com.br visando sua elucidação e já trazendo à luz que diagramador é o profissional da diagramação.
Assim sendo, temos: "Diagramação (ou paginação) é o ato de diagramar (paginar) e diz respeito a distribuir os elementos gráficos no espaço limitado da página impressa ou outros meios. É uma das práticas principais do design gráfico, pois a diagramação é essencialmente design tipográfico. Entre as diretrizes principais da diagramação podemos destacar a hierarquia tipográfica e a legibilidade". Isto posto vamos às vias do fato. Antonino, o motorista do JP, me trouxera até a Manzuá. Ali, informara-me ele, apareceria carona para a Região do Brejo. Desci em direção aos militares afim de puxar conversa e aguardar a tal carona que logo aparecera. Fui alertado por um policial: 
- Pode ir tranquilo. É gente conhecida, o senhor está seguro! 
- Obrigado, amigos, pelo obséquio!
Embarquei naquele caminhão carregado de carvão. Trajava roupa clara, e camisa com as mangas compridas que me acompanham faz tempo. Queria estar em casa, curtir o primogênito ainda com oito meses de nascido. O caminhão balançava mais que coqueiro em tempestade. O vento frio trazia consigo aquele pozinho de carvão. Naquele balanço não senti firmeza em um companheiro de carona. Estava bêbado, tombava mais que a própria carga. E, pra completar, queria morrer. Fora traído pela mulher, estava desiludido da vida. Assombrado com a ameaça fiz muita estripulia para não ver aquele desfeche trágico. A conversa mole fora repetida em todo o percurso, era uma tensão só. A carga balançando, eu me equilibrando e segurando o cara. Saindo da curva que desce para a ponte do Riacho Amarelo, resolvi abrir mão do cuidado e trabalho que tivera até então. Paciência esgotada, dei a sentença:
- Quer morrer mesmo, camarada? Eu não o seguro mais, pode pular! 
- Qué isso, macho! Eu tô bebo, eu sô corno... Mai doido, não: Ô tô luicido!

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