Diogo e Silvestre Batista: matando saudades |
- Carlos, eu queria ver Diogo! Como será que ele
está?
- Diogo está em João Pessoa. E está muito bem!
- Será que ele ainda canta daquele jeito?
- Claro que canta. Ele canta até na Internet!
- Na Internet! Como é isso?
- Vamos ver Diogo cantando?
- Vamos, eu quero ver.
Então aparece Diogo Batista, não estando mais conosco, com aquele vozeirão tão
peculiar:
- Noooooooooossa como ele tá forte, rapaz. E a voz
continua a mesma!
- Pra o Senhor ver, né!
Eles eram (quase) inseparáveis. Silvestre e Diogo
engrossavam as fileiras da família Batista. Tinham uma paixão muito especial
pela música e nutriam admiração mútua. Silvestre era o alfaiate que o primo
admirava, Diogo o seresteiro de voz inigualável. Era aquela rasgação de seda
quando se ouvia um comentado sobre o outro. Bonifácio Chuá-chuá sentia ciúmes,
posto que era, também, companheiro (quase) inseparável de Diogo e irmão de Silvestre,
mas “desaprovava” aquela amizade tão estreita como se sobrasse nas entranhas
daquelas relações consanguíneas. Certo mesmo é que eles viveram uma época em
que primos eram meio irmãos ou mais que irmãos, coisa que se perdeu nos tempos.
A verdade é que eu vivenciei gratificantes momentos
na convivência com ambos. Os ensinamentos silvestrinianos e o saboroso convívio
com Diogo, principalmente, quando se tinha um violão como companhia. Aí as
tardes/noites encurtavam com música e boa conversa, algo que os dois muito bem
compartilhavam. Diogo com sua voz grave e melodiosa, Silvestre com passagens
pitorescas da vida longa que vivera, compunham imperdíveis momentos de
descontração em meio aos amigos e familiares sempre chamados e juntados ao
desfrute.
Certo dia sou provocado com um insistente
convite para fazermos uma visita a Diogo. Aquele Batista estivera em tratamento
sério de saúde lá pras bandas da capital. Havia voltado de Jampa fazia pouco.
Ninguém, no entanto, informara a Silvestre sobre o estado do primo. Mas ele
insistira naquela visita. Senti-me em saia justa, não podia negar nem comentar
a verdade. Então a visita se deu e a conversa correu solta sem que soubéssemos ser
a última. Uma semana após Diogo não estava mais conosco. Passados alguns dias
mais um convite e, uma vez mais, uma meia mentira se fez necessária para poupar
lágrimas e sofrimento. E, de certa forma, conseguimos!
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