sábado, 9 de abril de 2016

Coincidências coicidentes

Tinha perdido a vontade de estar neste espaço por motivações várias, 
mas hoje sinto-me instigado, senão a escrever mas reproduzir, integralmente, a análise 
do brilhante jornalista Alex Solnik, publicado no blog Brasil 247. Alex traça um paralelo 
(que costumo fazer em rodas de amigos) entre os acontecimentos de 64 e de agora. 
E fazendo um contraponto com o jargão global, afirmo “Não vale a pena ver de novo”.

Ao contrário do que muitos pensam, muitos pensam ao contrário: Não haverá golpe!

“Tal como em 64, o objetivo era derrubar um presidente da República identificado com reivindicações populares e que tencionava governar para os mais humildes. Hoje é o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida. Em 64, João Goulart, que era um rico proprietário de terras pregava distribuir terras às margens de rodovias e ferrovias para reforma agrária e reformas de base, além de estatizar refinarias de petróleo.
Tal como em 64, o golpe eclodiu obedecendo às populações urbanas de classe média que saíram em passeatas gigantescas, sendo a maior delas a "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", sob o pretexto de afastar o "perigo comunista", o "desgoverno" de Jango e a corrupção desenfreada.
Tal como em 64, a grande imprensa apoiou em manchetes garrafais e editoriais bombásticos a deposição do presidente. A Veja e a Globo ainda não existiam.
Tal como em 64, foi vendida a ideia de que a única solução para o país voltar a crescer seria derrubar o presidente.
Tal como em 64, o golpe não era para ser um golpe, muito menos militar. O que os políticos conservadores queriam, liderados pelos governadores Magalhães Pinto, de Minas e Adhemar de Barros, de São Paulo era que os militares derrubassem Jango e devolvessem o poder aos civis.
Tal como em 64, o governo não tem maioria no Congresso. Os brasileiros elegeram Dilma presidente, mas não elegeram deputados de esquerda que lhe dariam sustentação. Por isso, tal como Lula, ela se aliou a partidos conservadores que, no primeiro momento, pareceu que lhe daria a maioria suficiente para governar com tranquilidade, mas essa maioria, como estamos vendo agora, está virando pó porque, na hora do vamos ver os políticos conservadores não hesitam em defender seus interesses e não os dos trabalhadores e do PT.
Tal como em 64, tudo parece estar dentro da lei. Naquela época, os parlamentares (civis) declararam o cargo de presidente vago assim que João Goulart viajou para o Rio Grande do Sul, sem dizer o que iria fazer. O presidente da Câmara, Auro de Moura Andrade empossou Ranieri Mazzili na presidência momentaneamente. Nos dias seguintes, os parlamentares elegeram o novo presidente da República, o general Castello Branco, que tomou posse em trajes civis, obedecendo ao roteiro escrito em Washington pelo embaixador americano Lincoln Gordon em parceria com o presidente Lyndon Johnson.
Tal como em 64, foi combinado que Castello Branco (agora Michel Temer) convocaria eleições diretas em 66, tudo dentro da constituição de 1946.
Tal como em 64, tanto nas ruas como no Congresso, prevalece o perfil conservador, sendo a esquerda minoria.
Tal como em 64, o golpe foi patrocinado pela Fiesp e por grupos empresariais como o Ultra.
Tal como em 64, setores da esquerda, que se dividiram contra e a favor de Jango, insistem em criticar a presidente Dilma em vez de defendê-la decididamente".

Nenhum comentário :

Postar um comentário